domingo, 25 de setembro de 2011

Bento XVI: ser santo não é estar fora da realidade, ser ingénuo e viver sem alegria

Bento XVI
Vigília de Oração com os jovens na Feira de Freiburg im Breisgau (24 de setembro de 2011)
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Neste ponto, não devemos calar o facto de que o mal existe.

Vemo-lo em tantos lugares deste mundo; mas vemo-lo também
– e isto assusta-nos – na nossa própria vida. Sim, no nosso próprio
coração, existe a inclinação para o mal
, o egoísmo, a inveja,
a agressividade.

Com uma certa autodisciplina, talvez isto se possa, em certa medida,
controlar. Caso diverso e mais difícil se passa com formas de mal mais
escondido, que podem envolver-nos como um nevoeiro indefinido,
tais como a preguiça, a lentidão no querer e no praticar o bem.

Repetidamente, ao longo da história, pessoas atentas fizeram notar que
o dano para a Igreja não vem dos seus adversários, mas dos cristãos tíbios.

Então como pode Cristo dizer que os cristãos – sem ter excluído os
cristãos fracos e frequentemente tão tíbios –são a luz do mundo?

Compreenderíamos talvez que Ele tivesse gritado: Convertei-vos!
Sede a luz do mundo! Mudai a vossa vida, tornai-a clara e resplandecente!
Não será caso de ficar maravilhados ao vermos que o Senhor não nos
dirige um apelo, mas diz que somos a luz do mundo
, que somos luminosos,
que resplandecemos na escuridão?

* * *
Queridos amigos, o apóstolo São Paulo, em muitas das suas cartas,
não tem receio de designar por «santos» os seus contemporâneos,
os membros das comunidade locais. Aqui torna-se evidente que cada baptizado
– ainda antes de poder realizar boas obras ou particulares acções – é santificado
por Deus.
No baptismo, o Senhor acende, por assim dizer, uma luz na nossa
vida, uma luz que o Catecismo chama a graça santificante.
Quem conservar essa luz, quem viver na graça, é efectivamente santo.
Queridos amigos, a imagem dos santos foi repetidamente objecto de
caricatura e apresentada de modo distorcido, como se o ser santo
significasse estar fora da realidade, ser ingénuo e viver sem alegria.
Não é raro pensar-se que um santo seja apenas aquele que realiza
acções ascéticas e morais de nível altíssimo, pelo que se pode certamente
venerar mas nunca imitar na própria vida. Como é errada e desalentadora
esta visão! Não há nenhum santo, à excepção da bem-aventurada
Virgem Maria, que não tenha conhecido também o pecado e que não tenha
caído alguma vez.
Queridos amigos, Cristo não se interessa tanto de quantas vezes vacilastes
e caístes na vida, como sobretudo de quantas vezes vos erguestes.
Não exige acções extraordinárias, mas quer que a sua luz brilhe em vós.
Não vos chama porque sois bons e perfeitos, mas porque Ele é bom e
quer tornar-vos seus amigos.


Sim, vós sois a luz do mundo, porque Jesus é a vossa luz. Sois cristãos,
não porque realizais coisas singulares e extraordinárias, mas porque Ele,
Cristo, é a vossa vida. Sois santos porque a sua graça actua em vós.

in
É o Carteiro!

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