segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

EPIFANIA DO SENHOR (Dia de Reis) (Ano A)

Hoje celebramos uma dimensão constitutiva do mistério do Deus Connosco: a “manifestação” (epifania) de Cristo como irmão e salvador de todos os povos.


A narração dos magos, de forte carácter simbólico e catequético, tem esta mensagem: Deus ama todos os povos e o amor manifesta-se em Cristo como Luz e Salvação de todos, não só para os judeus mas também para os pagãos, representados nos magos.

A mensagem evangélica acolhe-se na fé. O processo da fé está descrito na narração dos magos através de 3 pontos:

1) A Procura.

“Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?” (ev.) 

“Procurai e encontrareis” (Mt 7,7). 

Jesus convida muitas vezes a esta busca: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça…” (Mt 6,33). Quem vive tranquilo e satisfeito engana-se. A nossa vida está cheia de desafios: a relação entre os esposos, a maneira de ser de um filho, a questão dos imigrantes, a atitude perante os marginalizados, a situação do Terceiro Mundo, a nossa sociedade secularizada… Há que duvidar das nossas espontaneidades e buscar a verdadeira maneira cristã de pensar e de agir. Ou seja, trata-se de buscar sempre o Espírito do Senhor, permanecer sempre na procura constante de Deus e abertos à surpresa. Hoje há muita gente marcada pelo desalento, muitos espíritos nobres que perante os acontecimentos políticos, sociais e eclesiais vivem uma convicção amarga: não vale a pena procurar, nunca encontraremos nada que nos dê segurança. Todavia, a mensagem cristã quer superar esta decepção. Os magos encarnam a atitude adequada: deixam o seu país porque viram uma luz e vivem na certeza e na segurança da meta. Quem viu a luz da justiça, da paz, do amor, procura sempre e sabe que esta busca não o levará às trevas. O amor e a confiança em Deus valem sempre. Deus está sempre no horizonte de toda busca nobre. Quem procura, encontra.


2) A Alegria.

“Ao ver a estrela, sentiram grande alegria” (ev.). 


Esta frase explica a experiência dos primeiros cristãos e os de todos os tempos. A fé tem muito de júbilo proveniente da luz. Acreditar é ler as bem-aventuranças, ou a parábola do filho pródigo, ou as palavras de Jesus à pecadora e dizer: “Nunca nenhum homem falou assim” (Jo 7,46); é colocar-se diante da cruz de Jesus e da sua ressurreição e dizer: “Muito bem, Mestre, tens razão” (Mc 12,32). É difícil gerir de maneira adequada os problemas sociais ou familiares, mas a íntima segurança da luz não se apaga com qualquer problema.


 3) O Oferecimento da Vida.


“Prostrando-se diante d’ Ele, adoraram-n’O” (ev.). 


O caminho da busca termina na doação pessoal à luz, ao amor. É a fé. Acolher o mistério de Jesus é entrar em comunhão com o seu Espírito e viver desprendido de tudo, perdoando, amando, promovendo a justiça e a paz. Assim, toda a nossa vida se entrega a Cristo, oferta a Deus Pai. “Olhai com bondade, Senhor, para os dons da vossa Igreja, que não Vos oferece ouro, incenso e mirra, mas Aquele que por estes dons é manifestado, imolado e oferecido em alimento (Jesus Cristo)” (oração sobre as oblatas).