segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Um filme a não perder... Marie Heurtin (2014)

A Linguagem do Coração (2014)
Marie Heurtin


Duração 95 minutos

Género Drama, Biografia

Origem França

Estreia em Portugal 2014-12-25


Nascida surda e cega em 1885, Marie Heurtin, de 14 anos, é incapaz de comunicar.

O pai, um artesão modesto, não consegue decidir-se a seguir o conselho do médico, que a considera "atrasada" e interná-la num asilo.

Em desespero, dirige-se ao Instituto de Larnay, perto de Poitiers, onde as religiosas providenciam apoio a jovens meninas surdas.

Apesar do ceticismo da Madre Superiora, uma jovem freira, a Irmã Margarida crê que acha consegue lidar com o "pequeno animal selvagem" que é Maria.

Inspirado em fatos reais que ocorreram na França no final do século XIX.




segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Ano da vida consagrada


O ano de 2015 foi proclamado pelo Papa Francisco como o Ano da vida consagrada, tendo como motivo a comemoração, a 28 de outubro de 2015, dos 50 anos do documento do Concílio Vaticano II, Perfectae Caritatis, que pedia e orientava a adequada renovação da vida religiosa. Este Ano da Vida Consagrada começou com o início do ano litúrgico a 30 de Novembro de 2015 e prolongar-se-á, até daqui a um ano, para ser concluído a 2 de fevereiro de 2016.

Quando falamos de “consagrados” referimo-nos às pessoas que vivem esta consagração batismal, com um compromisso especial, radical, de seguimento de Cristo. Podemos assinalar as seguintes:

·        As ordens religiosas e as ordens e congregações religiosas: os seus membros realizam a profissão dos conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade) mediante votos públicos. Levam vida fraterna em comum e por isso vivem na mesma casa;
·        Os institutos seculares: os seus membros assumem o compromisso dos conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade), mas vivem-nos no mundo, como fermento, a partir da sua própria profissão ou trabalho;
·        Os eremitas ou anacoretas: vivem num espaço mais estrito do mundo, no silêncio da solidão e da oração. Realizam a profissão pública dos três conselhos evangélicos, com votos realizados diante do bispo diocesano;
·        As virgens consagradas: esta foi a primeira forma de seguir Jesus mais de perto, que se desenvolveu na história da Igreja antiga, desde as suas origens, sobretudo depois do tempo dos mártires. Oferecem a Deus o testemunho da castidade (não tanto a pobreza e a obediência). São consagradas pelo Bispo e dedicadas ao serviço da Igreja.

Com a profissão dos votos, estas pessoas consagradas pertencem a Deus de modo pleno e exclusivo Esta pertença ao Senhor permite, a quantos a vivem de maneira autêntica, oferecer um testemunho especial ao Evangelho do Reino de Deus. Totalmente consagrados a Deus, são inteiramente entregues aos irmãos, para levar a luz de Cristo onde as trevas são mais densas e para difundir a sua esperança nos corações desanimados. Estão muitas vezes presentes nas chamadas “periferias” existenciais, em missão, nas escolas, nos hospitais, nas maternidades, nos lares, junto das vítimas de tráfego humano, comprometidas na recuperação de toxicodependentes e das vítimas da prostituição, do trabalho escravo etc.

As pessoas consagradas são, por isso, um sinal de Deus nos diversos ambientes de vida, são fermento para o crescimento de uma sociedade mais justa e fraterna, são profecia de partilha com os pequeninos e os pobres. Entendida e vivida desta forma, a vida consagrada parece-se precisamente como é realmente: um dom de Deus, um dom de Deus à Igreja, um dom de Deus ao seu Povo! Cada pessoa consagrada é um dom para o Povo de Deus a caminho. Há tanta necessidade destas presenças, que fortalecem e renovam o compromisso da difusão do Evangelho, da educação cristã, da caridade para com os mais necessitados, da oração contemplativa; o compromisso da formação humana, da formação espiritual dos jovens, das famílias; o compromisso pela justiça e pela paz na família humana. Mas pensemos um pouco no que aconteceria se não houvesse religiosas nos hospitais, nas missões, nas escolas. Mas pensai, uma Igreja sem religiosas! Não se pode imaginar: elas são este dom, este fermento que leva em frente o Povo de Deus. São grandes estas mulheres que consagram a sua vida a Deus, que levam em frente a mensagem de Jesus, a Palavra da consolação, o abraço e a ternura de Deus, com amor materno e espírito paterno, aos mais sós, aos mais pobres e fracos
A Igreja e o mundo precisam deste testemunho da alegria do evangelho, que manifesta o do amor e a misericórdia de Deus. Os consagrados, os religiosos, as religiosas são o testemunho de que Deus é bom e misericordioso, que quer consolar o seu povo (Is.40,1-2) e que nos chama à alegria. Como diz o Papa Francisco “Onde quer que haja consagrados, aí está a alegria: a alegria do vigor, a alegria de seguir Jesus, a alegria que nos dá o Espírito Santo”.

Por isso é necessário valorizar com gratidão as experiências de vida consagrada e aprofundar o conhecimento dos diversos carismas e espiritualidades. É preciso rezar para que muitos jovens respondam «sim» ao Senhor que os chama a consagrar-se totalmente a Ele para um serviço abnegado aos irmãos; consagrar a vida para servir Deus e os irmãos.

Este ano foi proposto assim pelo Papa Francisco, como ano dedicado de modo especial à vida consagrada. Os objetivos são claros, em resumo:

a) acentuar a centralidade de Cristo, através da oração, da interioridade, da formação e da reflexão partilhada;
b) gerar uma dinâmica de saída, que consolide a presença da Igreja, na sociedade, especialmente nas periferias;
c) pedir ao Senhor, na fidelidade e na esperança, que suscite vocações para a vida consagrada e que as pessoas chamadas respondam com alegria, generosidade e amor;
d) tornar visível o chamamento à vida consagrada através do testemunho;
e) elaborar um programa que oriente  para o seguimento de Cristo e para os valores cristãos em profundidade.

Na nossa paróquia, estamos a desenvolver mensalmente o momento vocacional, aos sábados de manhã, com crianças e adolescentes da catequese. Os adolescentes farão o seu retiro num convento de carmelitas. Teremos um debate sobre família e vocação. Mantemos a oração pelas vocações sacerdotais. Peçamos ao Senhor, que desperte, na nossa comunidade vocações consagradas.

Confiemos desde já esta iniciativa do Ano da Vida Consagrada à intercessão da Virgem Maria, Mãe da nossa alegria, e de são José que, como pais de Jesus, foram os primeiros por Ele consagrados e que consagraram a sua vida a Ele.

cf. Papa Francisco, Angelus, 2.2.2014

Gianna Beretta Molla - Uma Vocação Para o Amor

Quando falamos em santos geralmente imaginamos, de pronto, homens e mulheres que viveram em tempos distantes, em situações especiais, nunca em pessoas como você, eu, ou nossos amigos e vizinhos, com uma santidade "simples e acessível a todos."

Assim era Gianna Beretta Molla: uma médica, mãe de família, mas com uma vida pautada por uma religiosidade onde a Eucaristia era o centro da sua existência, e a Santíssima Virgem o seu modelo de perfeição.

Sobre ela o Cardeal Martini escreveu: "A santidade de Gianna é parecida com a de cada um de nós; ela enfrentou as mesmas dificuldades que enfrentamos do dia-a-dia, da vida profissional, da atenção à família, de acolhimento ás visitas; teve paciência nas vicissitudes de cada dia."

Gianna Beretta Molla, o décimo segundo filho do casal Alberto Beretta e Maria de Micheli, ambos da Ordem Terceira Franciscana, nasceu em Magenta, Itália, no dia 4 de outubro de 1922, dia de São Francisco.

No dia 4 de abril de 1928, com cinco anos e meio, fez a Primeira Comunhão. Desde esse dia, mesmo muito pequena, todos os dias acompanhava sua mãe à Santa Missa. Foi Crismada dois anos depois na Catedral de Bérgamo.

Datam dos seus quinze anos de idade, após um retiro, esses propósitos espirituais, que lhe acompanharam por toda a vida:

1º Faço o santo propósito de fazer tudo por Jesus. Todas as minhas ações, todos os meus desgostos ofereço-os todos a Jesus.
2º Faço o propósito de, para servir a Deus, não querer ir mais ao cinema, se não souber se ele se pode ver, se é modesto e não escandaloso e imoral.
3º Prefiro morrer a cometer um pecado mortal.
4º Quero temer o pecado mortal como se fosse uma serpente, e repito de novo: antes morrer mil vezes do que ofender o Senhor.


Foi membro atuante da Ação Católica desde a adolescência, nunca tendo se prejudicado nos estudos pelo seu serviço, tanto que, em 30 de novembro de 1949, formou-se com louvor em Medicina.

Especializou-se em Pediatria, mas freqüentou a Clínica Obstétrica Mangiagalli, pois, por seu grande amor às crianças e às mães, pretendia unir-se ao seu irmão, Padre Alberto, médico e missionário no Brasil que, com a ajuda do seu outro irmão engenheiro, Francesco, construíram um hospital na cidade de Grajaú, no Estado do Maranhão. Gianna, por sua saúde frágil, foi desaconselhada pelo Bispo Dom Bernareggi em vir para o Brasil.

Em 1954 conheceu o engenheiro Pietro Molla e sentiu o chamado à vocação do Matrimônio. Noivaram em 11 de abril de 1955 e casaram-se no dia 24 de setembro do mesmo ano, tendo a cerimônia sido presidida por seu outro irmão, Padre Giuseppe.

Ainda noiva escreveu ao seu noivo: "Quero formar uma família verdadeiramente cristã; um pequeno cenáculo onde o Senhor reine nos nossos corações, ilumine as nossas decisões, guie os nossos programas".

Dias antes do seu Matrimônio escreveu ao futuro marido: "Você não acha interessante fazermos um tríduo para nos prepararmos espiritualmente antes do casamento? Nos dias 21, 22 e 23, Santa Missa e Comunhão, você em Ponte Nuovo, eu no Santuário de Nossa Senhora da Assunção. A Senhora acolherá as nossas preces e desejos e, porque a união faz a força, Jesus não poderá deixar de escutar-nos e ajudar-nos."

Das suas anotações pessoais podemos extrair essa verdadeira pérola: "Toda vocação é vocação à maternidade: material, espiritual, moral, porque Deus nos deu o instinto da vida. O sacerdote é pai; as irmãs são mães, mães das almas. Preparar-se para a própria vocação, preparar-se para ser doador da vida... saber o que é o grande sacramento do Matrimônio".

Teve seis gravidezes, fruto do seu Matrimônio, onde quatro crianças nasceram: Pierluigi, Maria Zita, Laura e Gianna Emanuela.

Na última gestação, aos 39 anos, descobriu que tinha um fibroma no útero. Três opções lhe foram apresentadas naquele momento: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança, abortar o feto, ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez. Não hesitou! Disse: "Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz!" Submeteu-se à cirurgia no dia 6 de setembro de 1961.

Com uma coerência cristã que lhe pautou a vida inteira, ainda em 1946, falando às jovens da Ação Católica dissera: "Se na realização de nossa vocação devêssemos morrer, seria esse o dia mais bonito da nossa vida!".

Deu entrada, para o parto, no hospital de Monza, na sexta-feira da Semana Santa de 1962. No dia seguinte, 21 de abril de 1962, nasceu Gianna Emanuela, a quem teve por breves instantes em seus braços. Sempre afirmou, a Bem Aventura Gianna: "Entre a minha vida e a do meu filho salvem a criança!". Entrou para o Céu no dia 28 de abril de 1962, em casa, provavelmente ouvindo as vozes das suas crianças acordando, no quarto ao lado.


Nas palavras de Dom Serafino Spreafico, Bispo Emérito de Grajaú-MA, "Santa Gianna formou-se como missionária e como tal viveu, ligada ao Brasil por vocação específica...ela agradeceu ao Brasil por tal vocação obtendo de Deus os Dois Milagres Oficiais para a Igreja."

O milagre da Beatificação aconteceu no Brasil, em 1977, na cidade de Grajaú, no Maranhão, naquele mesmo hospital onde queria ser missionária, onde foi beneficiada uma jovem protestante de nome Lúcia Silva Cirilo, que havia dado à luz uma criança morta. Uma fístula reto-vaginal, resultado de uma complicação do parto, ameaçava-lhe a vida, quando irmã Bernardina de Manaus, capuchinha que estava naquele hospital, pediu a intercessão da "irmã do Padre Alberto". A cicatrização foi imediata e a mãe doente restou curada.

Por conta da prodigiosa cura, Gianna Beretta Molla foi Beatificada pelo Papa João Paulo II, em 24 de abril de 1994, tendo sido considerada esposa amorosa, médica dedicada e mãe heróica, que renunciou à própria vida em favor da vida da filha, na ocasião da gestação e do parto.

No dia 16 de maio próximo * , João Paulo II canonizará Gianna Beretta Molla, com o sugestivo título de "Mãe de Família". Na cerimônia estarão presentes o seu marido Pietro Molla, as filhas Gianna Emanuela e Laura e o filho Pierluigi

O anúncio foi dado pelo Vaticano, em presença do Papa, pela Congregação para as Causas dos Santos, no curso da cerimônia de reconhecimento de um milagre atribuído à sua intercessão.

"Viveu o matrimônio e a maternidade com alegria, generosidade e absoluta fidelidade à sua missão", afirmou o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação Vaticana, na cerimônia de promulgação do decreto.

O milagre atribuído à sua intercessão foi experimentado por Elisabete Arcolino Comparini, casada com Carlos César, ambos da Diocese de Franca-SP, quando, no início do ano 2000, o quarto bebê que havia concebido começou a experimentar sérios problemas.

No terceiro mês, a jovem mãe perdeu totalmente o líquido amniótico. O feto, sem a proteção natural, devia ter perdido a vida. A intercessão da Beata Gianna foi pedida, ainda no hospital, quando, por Providência Divina, o Bispo de Franca, Dom Diógenes, visitou a jovem mãe e seu esposo, que sofriam face ao risco de perder aquela preciosa criança, bem como ao risco pelo qual passava a mãe, já que o casal se negava a retirar o feto, por conta da prescrição dos médicos que acompanhavam o caso.

Face a negativa do aborto e à intercessão da Bem Aventurada Gianna Beretta Molla, após uma gravidez sem presença de líquido amniótico; sem explicação científica, no dia 30 de maio de 2000, nasceu Gianna Maria, nome que foi dado em homenagem àquela médica e mãe heróica que, no seu desejo de Missão, mesmo sem poder ter saído de sua terra natal, realizou seus dois milagres na terra missionária, o Brasil.

Muitas graças têm sido alcançadas, em vários países, pela intercessão da Bem Aventurada Gianna Beretta Molla, especialmente por mulheres que não conseguem engravidar ou têm problemas na gestação e/ou no parto, por isso, várias crianças têm recebido o honroso nome de Gianna em agradecimento por sua intercessão. Sem dúvida sua história é um apelo à vida e contra o aborto, sendo também um testemunho precioso para os jovens que ainda estão discernindo sua vocação e, sobretudo, para as famílias, demonstrando uma santidade acessível e possível a todos.


ORAÇÃO


Ó Deus, Amante da Vida, que doaste a GIANNA BERETTA MOLLA responder com plena generosidade à vocação cristã de esposa e mãe, concede também a mim (...ou pessoa para quem quer obter a Graça...), por sua intercessão (...pedido...) como também seguir fielmente os Teus Desígnios, para que resplandeça sempre nas nossas famílias a Graça que consagra o amor eterno e à vida humana. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Teu Filho, que é Deus, e vive e reina Contigo na Unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. AMÉM.

in http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo237.shtml

Hallelujah, de Leonard Cohen

Hallelujah é uma canção escrita pelo compositor canadiano Leonard Cohen. Originalmente fez parte do álbum Various Positions (1985). O tema foi gravado mais de 180 vezes por diversos artistas, tendo sido utilizado em vários filmes e emissões televisivas.

Ao ouvir esta canção, podemos constatar que a sua melodia é quase litúrgica e que nos pode conduzir facilmente a uma experiência espiritual. Hallelujah interessa-nos sobretudo porque contém diversas referências bíblicas. Para começar, o seu título é uma palavra hebraica que significa “louvai o Senhor”. É uma exclamação utilizada na liturgia e nos salmos.

O sujeito da canção parece ser David, o rei que compunha e tocava música para o Senhor. A Bíblia descreve, com efeito, que tocava harpa para acalmar o rei Saul.

“E sempre que o mau espírito atormentava Saul, David tomava a harpa e tocava. Saul acalmava-se, sentia-se aliviado e o espírito mau deixava-o.” (1 Samuel 16,23)

O segundo verso da canção lembra a história de David e Betsabé:

“E aconteceu que uma tarde David levantou-se da cama, pôs-se a passear no terraço do seu palácio e avistou dali uma mulher que tomava banho e que era muito formosa. David procurou saber quem era aquela mulher e disseram-lhe que era Betsabé, filha de Eliam, mulher de Urias, o hitita. Então, David enviou emissários para que lha trouxessem. Ela veio e David dormiu com ela, depois de purificar-se do seu período menstrual. Depois, voltou para sua casa.” (2 Samuel 11,2-4)

A narrativa descreve a maior falta do rei David: além de Betsabé ser casada, o monarca aproveitou-se do seu poder para fazer com que o marido, Urias, fosse morto:

“Coloca Urias na frente, onde o combate for mais aceso, e não o socorras, para que ele seja ferido e morra.” (2 Samuel 11,15).

Seguidamente, a composição evoca outra narrativa bíblica: “She broke your throne and she cut your hair”. Reconhecemos aqui a história de Sansão, o homem quase invencível, que foi vencido por Dalila. Ela seduziu-o, com o objectivo de encontrar o seu segredo:

“Sobre a minha cabeça jamais passou a navalha, pois sou consagrado a Deus desde o seio de minha mãe. Se eu fosse rapado, a minha força se afastaria de mim; ficarei sem forças tal como qualquer homem!” (Juízes 16,15-17)

Dalila acabaria por cortar os seus cabelos; depois, chamou os Filisteus, que o mataram.

O terceiro verso tira uma conclusão das duas histórias anteriores: “Love is not a victory march. It's a cold and it's a broken.” O amor é frio e estaladiço, pois foi o amor de uma mulher que despedaçou David e Sansão. Cohen estabelece uma ligação com a sua vida: “I have been here before I know this room, I've walked this floor”. Também ele conhece amores assim.

Depois, o autor relaciona o acto sexual com Deus: “And remember when I moved in you, The holy dove was moving too, And every breath we drew was Hallelujah.” A ligação entre a pomba e o Espírito de Deus é bem evidente na narrativa do baptismo de Jesus:

“Quando saía da água, viu serem rasgados os céus e o Espírito descer sobre Ele como uma pomba.” (Marcos 1,10)

Em hebraico e em grego, a palavra para “espírito” é a mesma para “sopro”. Compreende-se porque é que Cohen faz uma ligação entre a respiração dos amantes e a de Deus.

Leonard Cohen

“You say I took the name in vain” alude, provavelmente, a um dos dez mandamentos: “não usarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não deixa impune aquele que usa o seu nome em vão” (Êxodo 20,7). O nome de Deus foi revelado a Moisés na sarça ardente: “«Eu sou aquele que sou.» Ele disse: «Assim dirás aos filhos de Israel: ‘Eu sou’ enviou-me a vós!»” (Êxodo 3,14)

No último verso, Cohen parece falar a Deus, dizendo-lhe que, durante a vida, fez o melhor que podia: “I'll stand before the Lord of Song With nothing on my tongue but Hallelujah”. Na sua língua, apenas subsiste uma palavra: Hallelujah.