quarta-feira, 5 de março de 2014

DIVORCIADOS RECASADOS INTEGRADOS NA IGREJA?

Esta iniciativa corresponde ao desafio lançado pelo Papa Francisco, no passado dia 7 de fevereiro, no seu discurso aos Bispos Polacos: «Antes de tudo, no âmbito da pastoral ordinária, gostaria de focalizar a vossa atenção à família, «célula fundamental da sociedade», «espaço onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer aos outros e onde os pais transmitem a fé aos seus filhos» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 66).


Hoje, ao contrário, o matrimónio é frequentemente considerado uma forma de gratificação afectiva que pode constituir-se de qualquer modo e modificar-se segundo a sensibilidade de cada um (cf. ibid.). Infelizmente, esta visão influi também sobre a mentalidade dos cristãos, facilitando o recurso ao divórcio ou à separação de facto. Os pastores são chamados a interrogar-se sobre o modo de assistir quantos vivem tal situação, a fim de que não se sintam excluídos da misericórdia de Deus, do amor fraterno de outros cristãos e da solicitude da Igreja pela sua salvação; de os ajudar a não abandonar a fé; e de fazer crescer os seus filhos na plenitude da experiência cristã.»

sábado, 1 de março de 2014

Não temos mais filhos porque gastamos tudo no primeiro - Henrique Raposo

Acho muito bem que o governo tente implementar políticas de natalidade, horários flexíveis para os pais, menos impostos, menos segurança social, menos prestação de creche, etc. Mas nada pode obrigar uma sociedade livre a ter filhos quando essa sociedade escolhe não ter filhos. E a nossa baixa natalidade resulta de uma escolha, de uma cultura, a cultura do filho único que se entranhou em todos nós há muito tempo. A curva descendente da natalidade é muitíssimo anterior ao início da crise. O problema está na nossa cabeça e não no nosso bolso. Não por acaso, já repararam na economia que existe em redor de bebés, crianças e adolescentes? Ele é brinquedos empilhados numa divisão só para brinquedos, ele é roupas de marcas absurdamente caras, ele é roupas de Carnaval, roupas de Natal (para quando roupas da Páscoa?), ele é actividades extracurriculares, ele é festas temáticas, ele é festas com palhaços, ele é playstation, ipad, computador portátil e telemóvel, ele é viagens de finalistas para quem acaba quarta classe, ciclo e secundário, ele é gastar dinheiro nos três milhões de festivais de verão, ele é o carro aos 18, com turbo, papá, por favor, com turbo e bufadeira. Falta dinheiro?

Falta dinheiro para o segundo filho? Não gozem. Quem gasta isto com o primeiro filho tem mais do que suficiente para o segundo. O problema é que nós queremos programar o miúdo logo à nascença, queremos transformar o primeiro e único filho num robô, num autómato telecomandado pelo business plan, ora essa, ele tem de ter aulas de viola, natação, explicações de matemática e inglês, e quiçá participar num workshop de filosofia kierkegaardiana ou num boot camp de gestão para empreendedores de três anos e meio, ora essa, há que preparar as skills de networking desde tenra idade, que é como quem diz since tender age. Sim, andamos a aprisionar o miúdo, o único miúdo, em planos que matam antes da concepção qualquer irmão ou irmã. Andamos a poupar dinheiro para os sucessivos luxos do primeiro em vez de gastarmos esse dinheiro no segundo e terceiro. Com dois ou três filhos já não dá para comprar roupinhas nas lojinhas catitas de Campo de Ourique? Azar, compra-se na Zippy ou nos ciganos, que também têm produtos de qualidade, não é verdade, ó dona?

A obsessão em cobrir o primeiro filho com mirra e ouro está a matar-nos, literal e metaforicamente falando. Se não anularmos esta cultura de filho único, se não arrebitarmos a curva da natalidade, o nosso futuro será negro e a falta de dinheiro para reformas até nem será o problema principal. Já pensaram no que é a banda sonora de uma cidade sem criançada? Já pensaram na atmosfera de uma sociedade onde só se ouve o arrastar das muletas? Para evitarmos este apocalipse em câmara lenta, devíamos começar por perguntar o seguinte ao petiz mimado lá de casa: olha, queres a nova playstation ou queres um irmão? Queres viajar todos os anos ou queres uma mana? Queres um ipad, um portátil e roupa de marca ou queres irmãos para brincar? Se ele responder com a segunda premissa, está tudo bem. Se ele responder com a primeira, já falhámos como pais. Mas não é nada que um berro não resolva.

PS: para a Maria, mãe de três.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/nao-temos-mais-filhos-porque-gastamos-tudo-no-primeiro=f858356#ixzz2ujiKJd95

Ofício das Trevas

O Ofício de Trevas, com já quinze séculos de existência, encerra as páginas mais veneráveis do antigo breviário. Ao recitá-lo sentimo-nos invadidos dum respeito santo. A Igreja procura condensar nele os sentimentos que animaram o Salvador nos mistérios da sua Paixão.

Durante o Ofício de Trevas destes três últimos dias, coloca-se no meio do coro um candelabro triangular com treze velas acesas que um acólito vai apagando sucessivamente a cada salmo que o coro termina, excepção da que está no vértice. Este antigo rito designa por alegoria que Jesus Cristo é a verdadeira luz do mundo. As velas acesas e que se vão extinguindo gradualmente representam a glória do Salvador que se vai apagando também com o vento implacável da ignomínia e dos trabalhos da Paixão. Ao cabo duma agonia de três horas, Jesus morre e o mundo fica em trevas. Ao canto da última antífona, só a vela do vértice se conserva acesa. Por fim, esta também desaparece, deixando a cruz do Senhor cercada pela noite até o momento em que o clero, batendo nos cadeirais do coro para significar com este ruído que o Senhor Ressuscitou, o acólito reentra com a vela na Igreja e coloca-a no seu primeiro lugar.


O Ofício das trevas mostra, de forma bastante clara, a figura do servo Sofredor e, junto dEle, nos colocamos rezando e meditando sobre os Sofrimentos de Sua Paixão e Morte na Cruz.



Testemunho:

No passado a procissão de quarta-feira santa (antes da Última Ceia) era seguida pelo primeiro dia do Ofício das Trevas, uma celebração muito complexa e dramática que foi abandonada há algumas décadas.

A cerimónia vinha de uma tradição cristã antiga em que quinze velas eram lentamente apagadas uma por uma até que apenas uma restava acesa. Isto representava a vida de Cristo chegando ao fim. 

A última vela era escondida e na escuridão total da igreja o povo começava a bater os pés para fazer o máximo de barulho possível, representando o som da ressurreição. Neste momento, acendiam-se as luzes. 

Cânticos Latinos atribuídos as dores de Nossa Senhora


O Primeiro, Cui comparabo te, contém o seguinte texto:
 
 
Cui comparabo te?
 Vel cui assimilabo te, filia Jerusalem?
 Magna est velut mare contritio tua.

A quem te compararei?
Ou a quem te assemelharei, ó Filha de Jerusalém?
A quem te igualarei para te consolar, pois é grande como o mar a tua mágoa.


 
O Segundo, Facta est, contém o seguinte texto:
 
 
Facta est quasi vidua 
domina gentium; 
princeps provinciarum 
facta est sub tributo.

Tornou-se como uma viúva
a senhora das nações;
 a princesa das províncias
ficou sujeita ao tributo!



O Terceiro, O vos omnes, usa o mesmo texto do Canto da Verónica:
 
 
O vos omnes qui
transitis per viam,
 attendite et videre
si est dolor sicut dolor meus.

O vós todos
que passeis pelo caminho,
olhai e vede
se há dor semelhante à minha.