sábado, 1 de março de 2014

Ofício das Trevas

O Ofício de Trevas, com já quinze séculos de existência, encerra as páginas mais veneráveis do antigo breviário. Ao recitá-lo sentimo-nos invadidos dum respeito santo. A Igreja procura condensar nele os sentimentos que animaram o Salvador nos mistérios da sua Paixão.

Durante o Ofício de Trevas destes três últimos dias, coloca-se no meio do coro um candelabro triangular com treze velas acesas que um acólito vai apagando sucessivamente a cada salmo que o coro termina, excepção da que está no vértice. Este antigo rito designa por alegoria que Jesus Cristo é a verdadeira luz do mundo. As velas acesas e que se vão extinguindo gradualmente representam a glória do Salvador que se vai apagando também com o vento implacável da ignomínia e dos trabalhos da Paixão. Ao cabo duma agonia de três horas, Jesus morre e o mundo fica em trevas. Ao canto da última antífona, só a vela do vértice se conserva acesa. Por fim, esta também desaparece, deixando a cruz do Senhor cercada pela noite até o momento em que o clero, batendo nos cadeirais do coro para significar com este ruído que o Senhor Ressuscitou, o acólito reentra com a vela na Igreja e coloca-a no seu primeiro lugar.


O Ofício das trevas mostra, de forma bastante clara, a figura do servo Sofredor e, junto dEle, nos colocamos rezando e meditando sobre os Sofrimentos de Sua Paixão e Morte na Cruz.



Testemunho:

No passado a procissão de quarta-feira santa (antes da Última Ceia) era seguida pelo primeiro dia do Ofício das Trevas, uma celebração muito complexa e dramática que foi abandonada há algumas décadas.

A cerimónia vinha de uma tradição cristã antiga em que quinze velas eram lentamente apagadas uma por uma até que apenas uma restava acesa. Isto representava a vida de Cristo chegando ao fim. 

A última vela era escondida e na escuridão total da igreja o povo começava a bater os pés para fazer o máximo de barulho possível, representando o som da ressurreição. Neste momento, acendiam-se as luzes. 

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