Mensagem do Papa
Francisco
Ainda hoje há tanta gente que não conhece
Jesus Cristo. Por isso, continua a
revestir-se de grande urgência a missão ad gentes, na qual
são chamados a participar todos os membros da Igreja, pois esta é, por sua
natureza, missionária: a Igreja nasceu «em saída». O Dia Mundial das Missões é
um momento privilegiado para os fiéis dos vários Continentes se empenharem, com
a oração e gestos concretos de solidariedade, no apoio às Igrejas jovens dos
territórios de missão.
Evangelho de Lucas (cf. 10, 21-23).
Naquele tempo, Jesus designou setenta e
dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e
lugares aonde Ele havia de ir. Disse-lhes: «A messe é grande, mas os
trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande
trabalhadores para a sua messe. Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de
lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a
saudar ninguém pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro:
‘A paz esteja nesta casa!’
Os setenta e dois discípulos voltaram
cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em
teu nome!» Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Olhai
que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre
todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. Contudo, não vos
alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os
vossos nomes escritos no Céu.
Depois, Jesus ficou cheio de alegria sob a
acção do Espírito Santo e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra,
porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos
pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.
Comentário do Papa: 1) Jesus falou aos discípulos; 2) depois dirigiu-Se ao Pai, para voltar
de novo a falar com eles; 3) Jesus torna os discípulos participantes da sua
alegria.
1. Enviou os dois a dois, os setenta e dois
discípulos a anunciar, nas cidades e aldeias, que o Reino de Deus estava próximo, preparando assim as pessoas para o
encontro com Jesus. Cumprida esta missão de anúncio, os discípulos regressaram
cheios de alegria: a alegria é um traço dominante desta primeira e inesquecível
experiência missionária. O Mestre divino disse-lhes: «Não vos alegreis, porque
os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes
escritos no Céu. Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção
do Espírito Santo e disse: “Bendigo-te, ó Pai (…)”. Voltando-se, depois, para
os discípulos, disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que vêem o que
estais a ver”» (Lc 10, 20-21.23).
2. Escolha: Os discípulos estavam cheios de alegria, entusiasmados com o poder de
libertar as pessoas dos demónios. Jesus, porém, recomendou-lhes que não se
alegrassem tanto pelo poder recebido, como sobretudo pelo amor alcançado, ou seja,
«por estarem os vossos nomes escritos no Céu» (Lc 10, 20). Com
efeito, fora-lhes concedida a experiência do amor de Deus e também a
possibilidade de o partilhar. E esta experiência dos discípulos é motivo de
jubilosa gratidão para o coração de Jesus.
3. Oração de Jesus: «Sim, Pai,
porque assim foi do teu agrado» (Lc 10, 21). Fazer
a vontade do Pai «o teu agrado», isto é, significa o plano salvífico e
benevolente do Pai para com os homens. No contexto desta bondade divina, Jesus
exultou, porque o Pai decidiu amar os homens com o mesmo amor que tem pelo
Filho. Jesus, ao ver o bom êxito da missão dos seus discípulos e,
consequentemente, a sua alegria, exultou no Espírito Santo e dirigiu-Se a seu
Pai em oração. «A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira
daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são
libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus
Cristo, renasce sem cessar a alegria».
4. «O grande risco do mundo actual, com a sua múltipla e avassaladora
oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista
e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência
isolada». Por isso, a humanidade tem grande necessidade de acolher a salvação
trazida por Cristo. Os discípulos são aqueles que se deixam conquistar mais e
mais pelo amor de Jesus e marcar pelo fogo da paixão pelo Reino de Deus, para
serem portadores da alegria do Evangelho. Todos os discípulos do Senhor são
chamados a alimentar a alegria da evangelização. Os bispos, como primeiros
responsáveis do anúncio, têm o dever de incentivar a unidade da Igreja local à
volta do compromisso missionário, tendo em conta que a alegria de comunicar
Jesus Cristo se exprime tanto na preocupação de O anunciar nos lugares mais
remotos como na saída constante para as periferias de seu próprio território,
onde há mais gente pobre à espera. Em muitas regiões, escasseiam as vocações ao
sacerdócio e à vida consagrada. Com frequência, isso fica-se a dever à falta de
um fervor apostólico contagioso nas comunidades, o que faz com as mesmas sejam
pobres de entusiasmo e não suscitem fascínio. A alegria do Evangelho brota do
encontro com Cristo e da partilha com os pobres. Por isso, encorajo paróquias e
os diversos movimentos, a viverem uma intensa vida fraterna, fundada no amor a
Jesus e atenta às necessidades dos mais carecidos. Onde há alegria, fervor,
ânsia de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas, nomeadamente as
vocações laicais à missão.
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